09 março 2014

O livro

Habituaste-me, desde os primeiros olhares, à tua presença constante na minha vida. E, num sopro fugaz deixaste-me nos dias que passaram, e hoje sobra-me nada. Nada, sim, porque tu sempre significaste tudo, mais do que algum dia possas vir a compreender. E ainda só se passaram dois dias, onde as horas passam ao ritmo de meses. Não me peças para ser indiferente a todas as pétalas caídas no chão do quarto, que guardam memórias, as nossas memórias. Nesses tempos eu acreditei que daí em diante nada mais seria meu, mas nosso E desejei, cegamente, que crescêssemos juntos e construíssemos a nossa história todos os dias. Esta história porém nunca chegou a ser escrita por ambos; escreveste apenas no meu livro, e deixaste marcas, cicatrizes que dificilmente sararão. Ao reler essas mesmas páginas voo novamente nas asas da esperança disfarçada de ilusão. A dor chega quando nas páginas ainda em branco, tu não estás presente, nem pela vontade de um dia voltar a estar. Magoa-me a indiferença e a facilidade com que me apagaste da tua vida; fui apenas só mais um brinquedo nas tuas mãos, quando tu para mim significaste a razão de viver. Fizeste-me renascer para a vida. Lamento que o orgulho e as diferenças entre nós tenham tido mais força que o teu amor por mim. Tenho saudades tuas; não me ensinaste a viver sem ti.

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