02 dezembro 2012

Semana missionária - São Joaninho

Agosto é o mês do sol, do calor da praia, e toda a gente o sabe; talvez esta seja a verdade para a maioria das pessoas. Mas para nós, mês de agosto é sinónimo de missão. Aceitámos o desafio, e de norte a sul do país deslocamo-nos até São Joaninho no passado dia 17. Não estaria a ser sincera se não dissesse que tive medo de não conhecer quase ninguém, de me aventurar a conviver com pessoas com dif
erentes feitios durante dez dias; mas mais que isso, de não estar à altura do desafio a que me tinha proposto, porque apesar de as expectativas serem muito boas, não sabia para que ia. Por Ele, naveguei para mares desconhecidos. Hoje, de regresso a casa, digo com todas as certezas do mundo que não podia ter feito melhor escolha. Não tenho palavras para o que senti ao ver os sorrisos espontâneos na cara das crianças, jovens e idosos nas nossas diversas actividades; não tenho palavras para descrever o sentimento de realização que patilhámos. E foram momentos como estes, que nos uniram, que nos tornaram em UM SÓ, para que melhor pudesemos empenhar-nos nas nossas tarefas. Tenho saudades de cantar as típicas músicas populares e ver mesmo as pessoas com mais dificuldades a tentar acompanhar-nos. Tenho saudades de dizer 'claro que gostei, só tenho pena que não possam repetir amanhã'. Tenho saudades de me sentar ao lado deles, escutá-los, dar-lhes atenção e carinho, que tanto precisam. Tenho saudades de sair do salão com a cara de palhaça. Tenho saudades de estar toda vaidosa com as pulseiras e colares que as meninas me ofereceram (vou guardá-los para sempre comigo). Tenho saudades de sujar a roupa e as mãos para os ajudar a serem uns verdadeiros artistas. Tenho saudades do regadinho, do poney, do pepe, do jogo das casas, da lata amarela, do jogo dos patos. Tenho saudades das noites de animação em que nem o frio nos impedia de aquecer o dia. Tenho saudades das partilhas nas orações. Tenho saudades dos ensaios. Tenho saudades de ouvir música constantemente. Tenho saudades do barulho constante daquela que foi a nossa casa. Tenho saudades dos assaltos aos quartos. Tenho saudades de acordar a meio da noite para pregar partidas. Tenho saudades de fechar e trancar as janelas e portas. Tenho saudades dos abraços. Tenho saudades de comer de mãos atadas. Tenho saudades das lágrimas de alegria. Tenho saudades de saltar de casa em casa para as refeições. Tenho saudades da praia e da piscina. Tenho saudades de implicar com vocês. Tenho saudades da manteiga animal e da Ana Teresa. Tenho saudades de vocês dormirem com a mangueira de fora. Tenho saudades de inventar maneiras originais limitados aos materiais que dipunhamos. Tenho saudades de descer as ruas, parar e falar com as pessoas. Tenho saudade das coreografias. Tenho saudades de cumprimentar as pessoas a toda a hora. Tenho saudades das prendas e segredos do amigo secreto. E de muitas mais coisas, que com jeitinho aqui caberão. Resumidamente, tenho saudades de todos os momentos que partilhámos, por termos conseguido superar juntos as nossas diferenças e a cada dia que passava nos irmos unindo cada vez mais. Aproveitando o melhor de cada um, tenho a certeza que marcámos o coração da população de São Joaninho (que curtiram da nossa onda). Obrigada pelo acolhimento, pelo carinho, e por tudo o que nos deram. Obrigada por me terem deixado partilhar esta dezena missionária com vocês, minhas bananas. Gosto muito, muito, de vocês. Vocês conseguiram tocar e transformar a minha vida; graças a vocês voltei uma pessoa diferente. Não vou nunca esquecer um segundo desde a partida até à chegada. Mais uma vez, obrigada. Significam muito para mim. E guardem-me no coração, contem comigo para o que preciarem, porque farei os possíveis e impossíveis para vos apoiar. Hoje, cada um partiu para a sua casa, mas regressou concerteza com o coração mais rico nos pedacinhos que foi recolhendo ao longo destes dias. E isto não é um adeus, porque a distância não separa corações. Até já.
Porque uma vez bananas, bananas para sempre.

«Vou por esta estrada
peregrino eu tenho que andar
Foi tão bom estar com voce
mas agora eu tenho que andar.

A gente nunca esquece,
companheiro de estrada e de pó
mas a vida tem curvas e agora...
agora eu tenho que andar.

Mas levo teu sorriso, teu perdão
eu levo contigo em minha bagagem
seu coração!

Mas deixo o meu sorriso, meu perdão
eu deixo contigo em tua bagagem,
meu coração! »

Obrigada do fundo do coração.